sexta-feira, abril 26, 2013

Declive


Descontrole-se por um instante;
O ínfimo suspiro da eternidade;
Um trajeto cruel e inconstante;
O grito de desespero da vaidade.
Percorra calado, o declive.
De olhos fechados, inclusive.

Não seria este, o momento?
Aquele pelo qual tanto espera.
Pois então corra, como o vento.
O que à sua bela ideia dilacera
é simplesmente o seu medo.
Desça enquanto ainda é cedo.

Mas como assim você não pode?
Será algum rastro de pudor?
Logo será por demais tarde.
Anda! Desperte desse torpor.
Ou será isso afinal. O que aguarda?
Terminar feito gado de engorda?

Rá! Agora tudo soa mais claro.
O que falta desta vez? Uma carruagem?
Veja como mais pareces um escarro
em plena adoração da própria imagem.
Diante do caminho sempre percorrido
minha presença causa-lhe alarido.

Fuja já, criatura desesperada.
Desça até o fundo, o seu declive.
O destino de sua estúpida jornada
é a morte de tudo o que ainda vive.
Mas é claro que isso não importa.
"Temos diversão à nossa porta".

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